Vereador insinua que trabalhadores offshore são estupradores

Em pronunciamento na sessão legislativa do último dia 05, o porta-voz do governo, vereador Paulo Antunes (PMDB) disse que, se não fosse o trabalho das prostitutas, os trabalhadores que operam embarcados "iriam estuprar outras mulheres".



Todo trabalhador embarcado é um estuprador em potencial. Pelo menos essa é a definição que o governo Riverton Mussi tem dos trabalhadores que passam semanas no mar, ganhando seu dinheiro honestamente. Em pronunciamento na sessão legislativa do último dia 05, o porta-voz do governo, vereador Paulo Antunes (PMDB) saiu em defesa da prostituição e foi além. De acordo com ele, se não fosse o trabalho destas "profissionais" os trabalhadores que operam embarcados "iriam estuprar outras mulheres".

Ao sair em defesa de uma categoria, no entanto, o vereador acabou ofendendo outra. Segundo o seu pronunciamento, na presença de dezenas de pessoas que lotavam o plenário legislativo, todo trabalhador embarcado pode se tornar ou já é um praticante de violência sexual contra as mulheres. "Tem que ter isso, pois a prostituição é um mal necessário. Pois se os cidadãos que passam trinta dias no mar, não tiverem as prostitutas irão estuprar outras mulheres".

O pronunciamento do vereador foi em defesa da construção de uma casa de passagem, uma espécie de "Zona Franca" onde as prostitutas poderiam morar e, logicamente, exercer a sua atividade profissional. Na ocasião, o vereador lembrou que na cidade de Presidente Prudente há um quarteirão onde as prostitutas são instaladas. De acordo com a legislação brasileira, a exploração sexual, ou seja, o uso da prostituição como atividade econômica é crime. Sendo assim, manter casas de prostituição, viver às custas de prostitutas ou mesmo induzir alguém a esse tipo de trabalho, por exemplo, são considerados crimes. As penas podem ir de um a oito anos de reclusão.

INDIGNAÇÃO — O pronunciamento do vereador atingiu diretamente a toda uma classe de trabalhadores. Na região calcula-se que cerca de 30 mil profissionais trabalham embarcados, fora os pescadores que também ficam várias semanas longe de casa. De acordo com delegado regional do Sindicato dos Marítimos (Sindimar), Rafael da Anunciação, o vereador Paulo Antunes foi "infeliz, antiético e preconceituoso" em suas declarações. "Vamos mover uma representação exigindo a imediata retratação do vereador. É um absurdo tratar pais de famílias como estupradores. Como profissional da indústria marítima me sinto completamente ofendido", disse.

De acordo com o delegado sindical, o pronunciamento do vereador é um duro golpe contra a honra destas pessoas. "Vivemos um momento em que o trabalhador marítimo é extremamente desrespeitado. Exigimos que o vereador, como representante do povo, tenha o mínimo de respeito e discernimento", afirmou Rafael, que vai iniciar um movimento de repúdio, com a participação de vários sindicatos da categoria contra as palavras do vereador.

FONTE: Jornal Expresso Regional