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O drama dos pacientes oncológicos em Macaé

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Mensagem  Admin Sáb Out 10, 2009 1:58 am

Na opinião de oncologista clínico e ex-secretário de Saúde, é preciso mobilização popular e vontade política para que o município dê um tratamento digno aos doentes.

O drama dos pacientes oncológicos em Macaé Cancer

Macaé não tem um serviço que contemple o atendimento integral para o paciente com câncer. Além disso, não possui ações efetivas na promoção da saúde voltada para o câncer na detecção precoce, na assistência aos pacientes, na vigilância, na formação de recursos humanos, na comunicação e mobilização social, na pesquisa e na gestão dos recursos vistos de uma maneira global.

O alerta é do médico e ex-secretário municipal de Saúde Humberto Assumpção, que reconhece a existência de atividades relacionadas à promoção da saúde - no caso, as ações desenvolvidas pela Unamama - e algumas atividades de apoio ao paciente que já desenvolveu a doença e que já foi tratado, como é o caso do Centro de Apoio ao Paciente Oncológico (Capo). “Vale ressaltar que as duas entidades implementam um bom trabalho na comunidade”, disse.

Assumpção, que é oncologista clínico, ex-professor de Parasitologia Médica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense (UFF), ex-diretor do Hospital Regional de Barra de São João e membro da Sociedade Brasileira de Cancerologia, lamenta que muitas pessoas portadores de câncer não têm recebido a merecida atenção das autoridades de saúde do município, o que acaba agravando o quadro clínico do paciente.

Atribuições

Para fundamentar suas críticas em relação à qualidade do tratamento do paciente oncológico em Macaé, Assumpção diz ser preciso levar em consideração que a atual política nacional de saúde foi implementada em 1986, na 8ª Conferência Nacional de Saúde, que teve como tema central o reordenamento das ações e serviços de saúde e a proposta de criação de um sistema nacional de saúde, surgindo daí o SUDS (Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde).

A Constituição Federal de 1988 consolidou o SUDS criando o Sistema Único de Saúde (SUS), que estabeleceu o acesso universal e igualitário para todos; que as ações e serviços de saúde seriam integrados em uma rede regionalizada e municipalizada. Foi estabelecida uma direção única no âmbito dos governos municipais, estaduais e federal, aprovando-se a Lei Orgânica da Saúde que define os objetivos e atribuições do SUS, seus princípios e diretrizes, sua organização e competência.

"Com essas modificações, prossegue o médico, estabeleceram-se as bases para dar prioridade às ações de saúde norteadas pelo perfil epidemiológico de cada região, aprimorando os mecanismos e processos gerenciais e de trabalho", disse.

Assumpção explica que essas ações deveriam se desenvolver em nível primário pelos postos de saúde e demais unidades de baixa complexidade, prioritariamente pelos municípios. As unidades secundárias seriam os hospitais de média complexidade e outras unidades de apoio, que desenvolveriam ações de diagnóstico e tratamento, a cargo, preferencialmente, dos governos estaduais. As unidades de alta complexidade ficariam a cargo do Ministério da Saúde, com ações mais complexas como cirurgias cardiovasculares, tratamento do câncer e outras que exigem maiores recursos financeiros e recursos humanos mais especializados.

"Nesse processo, estabeleceu-se que o sistema de referência e contrarreferência, isto é, os pacientes atendidos nas unidades primárias, após o diagnóstico, iriam para as unidades de maior complexidade e, após o devido tratamento, voltariam à unidade onde originalmente foram atendidos".

Em Macaé

Segundo o médico Humberto Assumpção, Macaé precisa organizar o atendimento ao paciente oncológico tendo por base este sistema hierarquizado, em que os dados baseados nos índices de mortalidade e incidência coletados com base populacional e hospitalar, serviriam de ponto de partida para se estabelecer uma política municipal de atendimento integral ao referido paciente.
"As outras ações a serem desenvolvidas são aquelas que já são feitas desarticuladamente, como a promoção de saúde, a detecção precoce, a formação de recursos humanos, a comunicação e mobilização social. Essas ações integradas representariam uma racionalização no uso dos recursos públicos e uma otimização desses mesmos recursos", afirma o médico.

Com referência a recursos humanos, Assumpção diz que Macaé, atualmente, possui profissionais na área médica plenamente capacitados para atender o paciente oncológico, contando o município com cirurgiões oncológicos, cirurgiões de cabeça e pescoço, cirurgiões de tórax, oncologistas clínicos.

"No que diz respeito a equipamentos, Macaé possui tomógrafos, endoscópios e laboratório. A parte de atendimento em cirurgia oncológica e quimioterapia dependem única e exclusivamente da vontade política dos gestores municipais, no sentido de organizar a Unacom - Unidade de Alta Complexidade para Atendimento ao Paciente Oncológico", acrescenta o médico.

Solicitação

Assumpção recorda que na última campanha eleitoral, um grupo de macaenses portadores da doença fez um abaixo-assinado solicitando a implantação deste serviço. “Foi confirmado pelo deputado estadual Glauco Lopes, que a secretaria estadual de Saúde, através da bipartite, e o Ministério da Saúde, já haviam credenciado o município de Macaé para a implantação do Unacom, inclusive com liberação de recursos que teriam sido utilizados fora da finalidade a que estavam destinados. Passada a campanha eleitoral, o assunto foi esquecido”.


Pacientes sofrem
com mal atendimento


De acordo com o médico Humberto Assumpção, as pessoas portadoras de câncer em Macaé continuam sendo mal atendidas em todos os sentidos: na prevenção, na promoção da saúde e, sobretudo, no atendimento médico. “Os pacientes continuam a ser encaminhados para o Inca (Instituto Nacional do Câncer, que está em grave crise) ou para Campos. “Um fato que me surpreende é que o bairrismo de Macaé em relação a Campos é tão acentuado. No entanto, o município vizinho tem três serviços de oncologia clínica credenciados e radioterapia, enquanto as autoridades macaenses ainda não se mobilizaram para mudar realidade local”.

Recentemente, Humberto Assumpção encaminhou um paciente para o Inca com diagnóstico de tumor na língua para ser atendido, exatamente no dia 26 de maio, com a biópsia revelada no dia 13 do mesmo mês. “Este paciente, posteriormente, foi enviado pelo Inca para Campos e morreu no início de setembro de hemorragia oral, em um bar na Praia dos Cavaleiros onde ele guardada sua bicicleta utilizada para trabalhar como vendedor ambulante”.

Segundo Assumpção, o paciente andou por todos os hospitais de Macaé para fazer uma transfusão sanguínea, a seu pedido, e não foi atendido. “Um dia depois de sua morte, ele começaria o tratamento de quimioterapia e radioterapia em Campos. Ele já estava com toda a documentação pronta, tinha 25 anos de contribuição para o INSS, portanto, prestes a se aposentar, mas morreu antes de conseguir”.


Óbitos podem ser evitados

O câncer, doença que por muitas pessoas não é sequer pronunciada, tornou-se cada vez mais expressiva e a cada ano acomete um número maior de pessoas. É também responsável pela segunda causa de mortes no país, o que, em números, corresponde a 13% do total de óbitos, perdendo apenas para doenças originárias do sistema circulatório, como diabetes, infarto, hipertensão, entre outras.

Neste sentido, muitos institutos e universidades passaram a pesquisar alternativas de prevenção, diagnóstico precoce e tratamento dos mais diversos subtipos de câncer. Tentando levar esperança à população que sofre com a doença, ou ainda conscientizar a todos em geral quanto à importância de se manter uma vida saudável, com uma dieta equilibrada, exercícios físicos e visitas regulares ao médico para o diagnosticar qualquer problema com antecedência.

No entanto, ainda é muito grande a desinformação da população e, no Brasil, a maior parte das pessoas que morre em decorrência do câncer é acometida pelos tipos mais comuns que poderiam ser facilmente tratados quando diagnosticados precocemente. Entre os grandes vilões, o câncer de pulmão, mama e próstata.

Segundo a analista sênior da Divisão de Informação da Coordenação de Prevenção e Vigilância do Inca, Marceli dos Santos, apesar do câncer de próstata ser o mais temido pelos homens, é o de pulmão o maior responsável pelas mortes no sexo masculino, cerca de 15% do total dos óbitos por câncer. Já nas mulheres, o câncer de mama é, disparado, o campeão de mortes também com 15% do total da mortalidade.

Para ela, estes dados refletem uma dura realidade: "Muitas destas mortes poderiam ser evitadas. Já que estes tipos de câncer são facilmente tratados quando identificados em estágio inicial", lamenta. Segundo ela, esta é uma realidade que nos próximos anos o Inca pretende mudar, e para isso tem criado iniciativas como a do Banco Nacional de Tumores.

A doença

O câncer é, na verdade, o termo empregado para designar um conjunto de mais de 100 doenças que possuem em comum o crescimento desordenado de células que invadem os tecidos e órgãos. A chamada metástase acontece quando ele se espalha para outras partes do corpo. Estas células consideradas "malignas" se dividem rapidamente e, por serem muito agressivas, determinam a formação de tumores, que nada mais são do que o acúmulo de células cancerosas.

O câncer de pulmão é o tipo mais comum de todos os tumores malignos, apresentando um aumento de 2% ao ano na sua incidência mundial. Só no Brasil, ele foi responsável por 14.715 óbitos no ano 2000, sendo o câncer que mais fez vítimas. Segundo as estimativas de incidência e mortalidade por câncer do INCA, o de pulmão deverá atingir 25.790 pessoas (17.110 homens e 8.680 mulheres) em 2005.

É importante destacar que, ainda segundo estatísticas do INCA, em 90% dos casos diagnosticados o câncer de pulmão está associado ao consumo de derivados de tabaco. Mas segundo o oncologista especialista em câncer de pulmão, Paulo De Biasi, não são apenas os fumantes que podem ser vítimas do câncer de pulmão. Os não-fumantes expostos à fumaça cigarro, conhecidos como "fumantes passivos", absorvem nicotina, monóxido de carbono e outras substâncias contidas no cigarro, charuto ou cachimbo da mesma forma que os fumantes.

Câncer de mama

O câncer de mama é o mais temido pelas mulheres, devido, sobretudo, aos efeitos psicológicos que afetam a percepção da sexualidade e de sua imagem pessoal. Além disso, é o principal responsável pelas mortes tanto em países desenvolvidos como subdesenvolvidos. Em boa parte dos casos, consequência do diagnóstico tardio.

De acordo com o presidente da Sociedade Paulista de Mastologia, dr. Carlos Alberto Ruiz, no Brasil, é grande o número de mulheres submetidas a biópsias em que se faz necessário retirada total ou de boa parte da mama devido ao desenvolvimento do tumor. "Quando diagnosticado precocemente é possível vencer o câncer sem grandes intervenções cirúrgicas que não comprometam o corpo da mulher”.

Segundo ele, um tumor na mama demora cerca de 8 a 10 anos para atingir este tamanho. Por isso, seria facilmente identificado através da mamografia. O grande problema é que nem todos os hospitais da rede pública dispõem de mamógrafos, impossibilitando, muitas vezes, a execução de exames de rotina para a identificação do problema.

O médico conta ainda que o estresse e a angústia são alguns dos fatores emocionais que podem contribuir para desencadear o câncer de mama em mulheres. "A angústia e a tristeza levam a um quadro depressivo, não só emocional, mas, também, imunológico. Hoje, há estudos que mostram o aumento da incidência de câncer em pessoas vítimas de distúrbios emocionais como estes", afirma. Neste caso, Ruiz recomenda uma drástica mudança nos hábitos de vida.

Fonte: Universia

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