A PRISÃO DO NEM E A LUTA DOS ROYALTIES

Finalmente, depois de tanto tempo de omissão do governo estadual, assistimos nesses dias, dois fatos que merecem reflexão para quem acompanha ou participa da política em nosso Estado. A prisão do Nem, o maior traficante da Rocinha - um dos maiores centros de venda de drogas do Rio - finalmente ocorre, em meio ao cerco da comunidade por tropas da PM, Polícia Civil, e Polícia Federal. Assim, como também assistimos, pela primeira vez, o governo estadual se mobilizar para trazer a população às ruas em defesa dos royalties. O que está por trás desses dois episódios que destaquei? O que sempre determina as mudanças políticas num País: a mobilização popular e da opinião pública. Todos puderam assistir que nesse segundo governo Cabral, a imprensa passou a cobrar mais ação dele. Denúncias se multiplicaram sobre corrupção no governo e pelo governo. Diversas manifestações de rua passaram a ocorrer contra a corrupção, por melhores salários, contra o autoritarismo, contra a violência, assim como as campanhas pelos royalties que o projeto do governo federal retirou do Rio de Janeiro.

A mobilização dos bombeiros, professores e profissionais da saúde, simbolizam esse momento de reação da população, completamente diferente do primeiro mandato do Cabral,ou seja, a omissão está sendo condenada e a paciência da população se esgotando. Basta lermos também as cartas dos leitores dos jornais. O grau de consciência dos leitores é cada vez maior em relação ao governo do estado. Seu carro-chefe das UPPs passou a ser vista em sua verdadeira dimensão, um pequeno paliativo restrita a menos de 10% das comunidades. A UPAs repletas de denúncia de falta de médicos. Se esse processo de conscientização e mobilização continuar, muita coisa pode acontecer. Como no passado, caiu a ditadura, veio a anistia, as diretas, o impeachment do Collor, todos frutos do povo nas ruas. Que venha o povo para o centro da política em nosso Estado. A esperança de por fim ao autoritarismo, a soberba e a roubalheira, ressurge.

Mesmo considerando a importância da ocupação do maior centro de venda de drogas no Rio de Janeiro, a Rocinha, mesmo considerando que essa operação de prender o Nem já foi tentada várias vezes, como em agosto de 2010, mesmo assim, o secretário de segurança Beltrame está no exterior?! Agora mesmo, o governador Cabral dando entrevista afirmou que a operação "estava sob o comando do secretário Beltrame?!." (sic). Como? A uma distância de 12 mil kilomentros? Segundo uma jornalista, ele está fazendo agora o check out do Hotel para voltar ao Rio?! Então a operação foi uma surpresa para o secretário? Realmente.... falta muita coisa a esclarecer. Última pergunta: quem ocupará a Rocinha? As milícias?